Escondias nos bolsos as mãos
nuas
os olhos presos num horizonte
a recuar a recuar até ser
a indefinição de um ponto.
Choviam em teu redor folhas
em branco
aves caídas do vento
a deslocar-se sobre raízes inanimadas.
Numa intermitência das águas
caiu-te aos pés descalços um poema
fulgurante.
Subiste-o
degrau a degrau
e no teu lugar de silêncio
descobriste-lhe as linhas
esguias.
Palavras de vidro a conterem
insignificâncias.
Uma caixa cheia de abstrações.
E tu
de mãos nuas e pés descalços
no teu lugar de silêncio
medes os teus passos e escreves nomes indecifráveis
no reverso do poema.