Era eu lamento e choro
Chuva em plena primavera
Barco que buscava um porto
Uma angélica pantera.
Eu dormia junto às feras
Que nasciam do meu corpo
Eu que já fui fogo morto
Fui montanha e fui cratera.
Via a vida subalterna
Assolando à luz do dia
Solidão de companhia
Em mar de tristeza eterna.
De repente apareceu
Algo novo inusitado
Uma estrela, um sol nasceu
Justamente do meu lado
E do nada um deus pagão
Recebeu minhas lamúrias
Eu que fora ferro em fúrias
Obtive um coração!
Como tudo é diferente!
Veja o sol em meu olhar!
Eu que era chão doente
Não sou mais solo lunar!
E sorriu a esperança
De regresso ao Paraíso
Eu voltei a ser criança
Sem pecado e sem juízo.
No universo de infinitos
Constatou a Natureza:
"Mais feliz dos seres vivos
É este homem, com certeza!"
E eu que era tão sozinho
Logo nos primeiros versos
Continuei o meu caminho:
Do teu céu fiz... Universos!
Gyl Ferrys