Fez-se noite na madrugada
guiam-me os reflexos cegos
no infinito corredor
dos espelhos.
Tombo ou prossigo?
Desço ao pôr-do-sol dos instantes
onde me reconheço
nos ponteiros dos assuntos pendentes.
Há um espaço demorado
mudo tardio oxidado
onde o frio agride a face
e os passos quebram as asas
na ausência do olhar.
Brotam teias da janela
deixo a vidraça sangrar.
Recolho o vento entre os dedos
escoa-se o tempo
alheio ao chamamento da moldura
inacabada.