Poemas : 

Escravos do nada

 
Open in new window

Uma mão caída
Uma lágrima ardente
Um sorriso apagado
Um corpo que cai

Corpo da minha gente
Gente do povo
Gente humilde,
Escravos do nada

Ó minha gente,
Que tendes pra o mata-bicho?!
A mamã nem fez a fuba,
Coitada, nas suas mãos, só ulula o vento

Vento que acorda madrugadas
Nas barriguinhas rebeldes,
Que desafiam o grunhir dos relâmpagos,
Na hora da mesa vazia

Uma mão caída
Um sorriso apagado
Uma olhar que já não vê
Pra além do horizonte da fome

Ó minha gente!
Até quando,
Até quando tereis fuba quente
Pra afugentar o bicho?

Mami tudo faz
Pra resgatar sorrisos
Nos semblante da gente do povo,
Mas, tem mãos cheias do nada

Coitada, uma lágrima corre,
Beija-lhe a face ressequida,
Face esquecida
Pelos sóis da indiferença

Adelino Gomes-nhaca


Adelino Gomes

 
Autor
Upanhaca
Autor
 
Texto
Data
Leituras
635
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
28 pontos
4
4
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 01/12/2021 09:55  Atualizado: 01/12/2021 09:55
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8484
 Re: Escravos do nada
A indiferença é arma funesta
pra quem nada tem
pra alongar o dia


Open in new window


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/12/2021 10:54  Atualizado: 01/12/2021 10:56
 Re: Escravos do nada
.
Já que ele não pode falar por não ser escutado, imagino sua voz:
Eu sou um ser humano esquecido pelos outros e vejo nele anjos, demônios e deuses.
Com a pele branca, no rosto uma mascara, olhos pintados e de boca borrada.

Agora sou eu Erotides, branca de sentimentos atormentados e que também não entende o porquê de ter homens de mentes malvada. Aqui existe estudo para tudo mas o ser humano ainda não pode ser modificado.

Gostei do poema é um olhar para nossos irmãos ainda mais esquecidos.