Era sempre a mesma história
A mesma tentativa de ludibriar a alma inquieta
Procurar refúgio no silêncio
E apagar das memórias as tristes lembranças
Que nem mesmo o tempo conseguia dissolver.
Tudo é tão estranho agora
Até mesmo o silêncio é perturbador
Como se não houvesse mais o futuro
E nem esperança de dias radiantes
Porque no horizonte não se vê nada mais.
Houve um tempo que não se esquece
De horas e horas silenciosas
Onde podia se ouvir a chuva caindo no telhado
E junto aos trovões bradavam a voz
Do sentimento que nunca percebera.
Não se corre atrás das folhas
Quando são levadas pelo vento
Nem se pode parar o riacho com a força da mente
Se soubesse desses detalhes
Poderia ter ouvido a voz do coração.
No infinito que se depara agora
Tudo é tão fosco que não se vê nenhum olhar
Nem pode sentir as mãos macias
Que acariciavam os seus cabelos
Na noite eterna do tempo que passou.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense