O peso das pedras
A cabeça cheia de pedras.
Os teus olhos largados à névoa tombam pelo prato
Vazio de tantas montanhas servidas na vertigem
[O passado por um sonho.
Desde que seja um sonho virgem]
Corrias campos nas pernas
atrás de borboletas e nuvens de vento
O sorriso nos dedos tocava fantasias nas águas do rio
E as tuas vontades?
Ah! Eram flores de sol em ramos oferecidas
E caprichos na boca, tantas vezes
Tantas vezes
Cresceram dias densos
Pelo leito desse rio complexo
Tão sinuoso como as veias
Que perderam a saudade do tempo
Como um espelho a insistir reflexos
Cresceram dias ensombrados
E os teus olhos agora fechados
Caem pelo peso das pedras
Transbordando o prato já raso de lágrimas atrasadas
Enquanto uma nova montanha cresce pelo horizonte
E respira.
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.