Me beija Docemente
Na fonte deste fundo aparente
Há uma forte tensão elaborada
As vísceras pulsam de repente
Neste universo envolto no nada
Ao viver esta vida escura
Onde o nada é tão consistente
Odiar e amar parecem presente
Até nas noites de iluminada lua
Vejo a irrealidade latente
Em uma realidade sem cura
Envolta nas cores do sol poente
Formando uma matéria dura
Mas tudo é inútil e transcende
O espectro da minha branca figura
Nesta espécie de morte aparente
Quando a vida sobre a morte... recua
E o silencio me leva a loucura
O grito é um liquido vertente
Mas você me beija tão docemente
Que faz subir m'alma da sepultura
Alexandre Montalvan