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pintado de fresco
Sou tudo quanto dou e devo
Sei d'tudo quanto dou e devo, Sou o que entrego tudo dum todo, Ainda que não seja a verdade, Essa é entre mim e esse outro,
Que bora seja ele, nem tud'o Que digo é propriamente seu Ou sequer meu, esse outro que sou Sendo gora ele, a esse devo a edição
De mim mesmo, disparatada Absurda que duvido alguém Possa descrever d'outra Forma sentindo igual modo,
Alternando o contrário com O oposto, vazio com cheio, velho Com novo, passado com futuros, vários Súbitos e não calculados, são
Apenas e só os outros, não Aquilo que sou eu, único e eu só Que me reconheço como sendo O outro a quem dev'o mundo
E outros muitos, insólitos num Dos lados, no outro a mesma Pegada minha, nem verdadeira Nem falsa ou variada, ausente
Entre outros que me estranham Quanto eu me estranho a mim, Esse mesmo, aquele que esconde E mostra nada menos que coisa
Alguma nova, ousada, amêndoa Amarga, aragem que vai e vem, Eu sou aquele que não está lá, nem Enquanto o outro, atento vinha, vai-
-Vem …
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