Poemas : 

Cena cinco (Epílogo) - Confissão

 
Ao longo da muralha das palavras obscuras que nos cercamos
Haverá outras tão mais frágeis, menos ilegíveis a nos proteger
Outras cristalinas como o som do violino, o barco em partida
Haverá umas ditas surdamente, absurdamente, surda e mente
O amor desfeito gera a solidão, braços abertos sem o abraçar

Pois a nossa sina é escrever, se oportuno, sonhar além do azul
Meus olhos fechados guardam tua imagem, teu corpo e figura
Sorvo o ar, teu perfume é tão real que minha face transfigura
No perigo de tua ausência, não me passa o lasso esquecimento
Mas o receio de não estar presente, quando florirem os lilases

Sigo a caminho do mar, nestes caminhares. Assim o crepúsculo
A adormecer os girassóis, cantará uma canção para vires aqui
Vou te entregar estes versos, desalojados das hiantes certezas
Vou te convidar para bailar em silêncio, acender o candelabro
Esculpir um lírio, uma colcha dos retalhos de tanta lembrança

Sou quem sou por todo assombro que passei, assim estou aqui
Para abrir janelas, deixar o sol entrar, entornar fora o veneno
E, arrefecida essa febre, jamais divisar nossos rostos solitários
Nessa pálida aflição escarlate que todos os ardis construíram
Ter a alegria única de náufragos ao alcançar a margem segura

Estar a teu lado e jamais permitir dias ausentes sem propósito
Levantar a fronte e amar fazendo cada minuto valer uma vida




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Autor
Sergius Dizioli
 
Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/11/2021 18:36  Atualizado: 12/11/2021 18:36
 Re: Cena cinco (Epílogo) - Confissão
*acompanhei essa Odisséia' poética, poderia escrever mil poesias inspiradas nela. Uma trajetória de introspecção riquíssima. Exuberam as tantas leituras possíveis, que cada leitor pode ser agraciado. Certamente, nem sempre é a real intenção/inspiração do poeta, contudo afirmo que para mim, aí reside o fascínio da Poesia partilhada: alcançar de variadas maneiras as almas dos leitores.
*
Divaguei:

*entre o ABANDONO e o PERDÃO
parece-me que percorri um universo
poema sem vírgula nem ponto
apenas ARREPENDIMENTO nas veias.
versos giram num círculo vicioso
como contradições que nos beijam
entre CEGUEIRA à LUCIDEZ
percorro prisma de cores letais
correntes machucam pulsos
enquanto artérias pulsam poesias.
coração, pele, alma em punho
espalho-me em fatias
reparto-me entre realidade e ilusão
pontuo o amanhecer na escrita.
entre DESCOBERTA à ALFORRIA
liberdade é um grito cardíaco
sangro dedos entre vísceras
enquanto a vida faz seu caminho
sou apenas de uma CONFISSÃO, um ínfimo suspiro.
S.K*

Grata por esse compartilhar.
Abraço de fã
S.Karinna*




Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 24/12/2021 15:23  Atualizado: 26/12/2021 10:08
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 Re: Confissão p/ Mr. Sergius