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Re: Cena cinco (Epílogo) - Confissão
Em homenagem à beleza de teus escritos que me são um prêmio quero te contar a visão do criador sobre sua criatura - que pode ser diametralmente diversa da de outros olhos. Mas esta é a história por trás das cenas, nos bastidores da vida:
Na cena um, o poeta reconhece o abandono que viveu, os momentos doloridos. Reconhece, mais que tudo que, além da perda, ele próprio se abandonou. Mas, se assim o é, ele também descobre a verdadeira natureza do perdão e perdoa a si próprio enfim, para que a vida tenha seu curso retomado. Na cena dois o poeta reencontra a realidade dos dias que se sucederam à perda e os caminho errados que trilhou. Mas, por ter-se perdoado, pode arrepender-se – o que não muda o passado – mas pode dar nova dimensão ao futuro e as diretrizes do que espera para si. Na cena três o poeta enfrenta as novas necessidades de ação que o arrependimento traçou, reconhece que nem o perdão e nem o arrependimento são sinônimos de esquecimento e que, mesmo com as lembranças doloridas à frente é preciso trilhar caminhos diversos daqueles que, cego, imaginava serem bons. Na cena quatro o poeta faz descobertas, entre elas que a dor foi o alimento dos versos, estes sua recompensa para a vida. Descobre que não dá para apagar o passado como se apaga a luz da sala. Mas, que deve seguir carregando toda a bagagem e ser melhor do jamais tenha sido, descobriu que só ele próprio pode dar-se a liberdade. No epílogo o poeta enfim confessa a si mesmo os desvios do caminho. Dessa forma encontra afinal uma nova postura e entrega tudo que com que se autoflagelava e reconhece estar salvo. Compreende que cada segundo de um novo amor incondicional pode resumir uma vida inteira.
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