a Helena Kolody
já escrevia sobre o “nós” dela
alguém que dedilhava a poesia coronária como a tua …
“fomos duas árvores castas.
não misturamos as raízes.
apenas enlaçamos os ramos
e sonhamos juntos.”
no meu caso
a invisibilidade das tuas raízes
trespassaram o núcleo
umbilical do sentir
sem vestígios audíveis
nem cicatrizes
hoje o vento lá fora
traia a calma
aparente das horas
e me ensina …pingo a pingo
que o amor silencioso
é perigoso
quando não temos calaboiço
para o abrigar
e torna-lo
gente
presente
na vida
como foi contigo …?
sei
que naquele dia
trazia orquídeas
para colher no teu olhar
a beleza que me faltava
cheguei-te
escondendo
debaixo da pele
veias de seiva
nascidas
do teu lindo tronco
naquele dia
o único trunfo que levava
para te impressionar
era e é
o tal amor puro
que não se via
que não se distinguia
do homem ou da mulher
aquela chama branca
que se acende e permanece
no fundo do mar…
acesa …
até possibilidade
finita
do sempre …