NOITE DE PRIMAVERA
Numa noite de primavera
Andei por Lisboa
Percorrendo as velhas vielas
E nesse mês de florescerem
As sementes na terra
Ouvi na tasca bem velhinha
Desta linda cidade
O som da guitarra
Chorar teimosos trinados
As gentes ouviam
E se emocionava
Num fado triste e negro
Tão negro como um céu sem luar
E no final da noite de primavera
P’la manhãzinha
Quando o sol desponta
As primeiras flores sorriam
Sorriam de felicidade
Da vida, da guitarra, e da fadista
Da tão castiça Lisboa
E o povo aquela hora
Ainda mal desperto
Vai num vaivém
No seu destino intimista
Fazendo contas, e murmurando
Como dando os bons dias
À doce manhã que chega
Pelo final da noite de primavera
De Fernando Ramos
9.10.2007