Não existia forma mais profunda de se expressar
E não queria que o silêncio falasse por ela
O vento sul era gélido, cortava a alma em pedaços
Um corpo que não poderia ser aproveitado
O olhar mórbido fitava o vazio existencial
E o tempo simplesmente resolveu não passar mais.
No coração um desejo imenso
Um sentimento que não poderia ser explicado
E nem mesmo o melhor dos escribas e copistas
Poderia escrever uma história para nós dois
Depois que ninguém mais conseguia ver
O que havia sido escondido no profundo coração.
O vento que sussurrava nas folhas das árvores
No dia chuvoso e frio da despedida
Parecia sibilar as lembranças de algum sentimento
Que foi cruelmente apagado com o tempo
E nem mesmo se lembrava das últimas palavras
Que também não queria guardar nas memórias.
A existência humana é misteriosa e solitária
Mesmo em um mundo com bilhões de pessoas
Porque o ser humano chega sozinho
E, da mesma forma, parte a qualquer hora
Sem mesmo poder dizer adeus
Quando a linha do seu destino já foi traçada.
Ninguém tem o poder de adivinhar
O dia de uma partida que não foi desejada
E no coração que compartilhava os sentimentos
Fica sempre as palavras que havia postergado
E que poderia ter feito a diferença nos dias passados
Nas manhãs que construía uma história para nós dois.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense