Poemas : 

Lisboa e sua gente...

 
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Lisboa e sua gente;
De mãos dadas com o vento,
Passeiam pelas ruas do nada,
Homens, chão, pobreza, aflição
Sorrisos escondidos no silêncio

Olhares perdidos
Barbas fora do dia,
Fome a espreita
Nas faces escavacadas pelo tempo

Mãos estendidas ao sol da vida,
Giram na direção de quem passa,
Meigos sorrisos nos lábios,
Gestos e mais gestos e nada…

Procuram no vazio das mãos,
Ganhar um dia de sol,
Entre sóis passados em branco,
Dia após dia nas ruas da vida sem vida

Na praça do dia,
Buscam o mínimo,
Pra desencalharem
Suas barrigas enlutadas

Sempre, sempre de mãos dependentes
À bondade de quem passa
E faz-se ouvir, o tinir das suas sobras,
No fundo das mãos cheias do nada

Adelino Gomes-nhaca


Adelino Gomes

 
Autor
Upanhaca
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Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 21/10/2021 10:07  Atualizado: 21/10/2021 10:51
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8483
 Re: Lisboa e sua gente...
…e, Lisboa consegue dormir
Com um olho na rua desacordada,
E outro no conforto de sofisticados edifícios!

Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 21/10/2021 17:00  Atualizado: 21/10/2021 17:00
Administrador
Usuário desde: 02/10/2021
Localidade:
Mensagens: 588
 Re: Lisboa e sua gente...
.
Lembrou-me "O sentimento dum ocidental", de Cesário Verde:
"E, enorme, nesta massa irregular
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
E tem marés, de fel, como um sinistro mar!"


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/10/2021 17:11  Atualizado: 21/10/2021 17:15
 Re: Lisboa e sua gente...
Mas se vivemos, os emparedados,
Sem árvores, no vale escuro das muralhas!...
Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas
E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.

CV (tb)



Enviado por Tópico
Eureka
Publicado: 25/10/2021 09:39  Atualizado: 25/10/2021 09:39
Membro de honra
Usuário desde: 01/10/2011
Localidade: Lisboa
Mensagens: 4297
 Re: Lisboa e sua gente...P/Upanhaca
Estimado poeta,

Não teria nada a acrescentar ou mudar, neste seu poema tão sério e cru, da Vida como a vejo nesta nossa Lisboa, pelos dias que vão passando.
Creio que o Adelino versou sentimentos que estão no meu coração também.
Foi como encontrar alguém que sabe o que me vai na alma... muito desanimo... muita tristeza e quase uma falta de esperança exasperante, pelos dias que vivemos.

Parabéns, este seu poema ficou magnifico.

Um abraço
Eureka