Sozinho em meio a multidão
O paradoxo de uma alma angustiada
Sem saber a razão de sua dor
Se tudo a sua volta parece estar normal
Mas, parece não estar.
Um medo que corrói a alma
Sem ter uma razão aparente para tal medo
A sombra que lentamente ofusca o sol
Na existência perturbada da solidão
Que atormenta o ser humano.
Busco respostas que não existem
Para as indagações que permeiam os pensamentos
Nos momentos obscuros da solidão
Em um canto qualquer pode até apalpá-la
Como se tivesse existência própria.
O mundo é um caos total
Cheio de violências e crueldades
Onde quase ninguém se importa com o outro
Egoístas que são
Pensam cada um em si mesmos.
E nem adianta eu reclamar de tudo isso
Se nem eu mesmo presto atenção
Na verdade pouco me importo com as dores
Com as lástimas de mendigos e desafortunados
Que perambulam pelas terras desoladas da existência.
Há um lobo dentro de mim
Carnívoro que devora os sentimentos
Com suas garras afiadas sangram o profundo coração
Que até deseja ser livre um dia
Sem saber que tudo não passa de sonhos perdidos.
No vale mais profundo da alma
Você caminha sozinho
Vê as sombras se avolumando cada vez mais
E a escuridão tomando forma assustadoramente
Quando você só desejava estar em paz.
Paz é para os tolos e as crianças
Brada uma voz no interior do subconsciente
Se tudo parece assim tão perdido
Por que choras às escondidas
Quando poderia gritar para o mundo inteiro?
Nada é tão simples como parece ser
Nem tudo funciona como gostaria que fosse
Não há voz de comando que possa mudar
A situação medíocre de quem vive na solidão
Se o mundo é apenas uma caixa escura.
O que faço agora é soltar os demônios
Que aprisionam os sentimentos
Brincam de esconde-esconde no secreto
Quando poderia deixar tudo como era antes
Uma vida totalmente sem direção.
O dia hoje está tão cinzento
Como se tudo tivesse chegado ao fim
Uma tristeza tão sentida aperta o coração
Como se fosse uma previsão de alguma calamidade
Anunciada nos ouvidos da eternidade.
Mas se tudo não passa de uma dolorosa ilusão
Por que devo me preocupar?
Apenas sigo meu caminho na esperança
De que o amanhã ainda existirá
Quando abrir os meus olhos pela manhã.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense