O PASSADO PRESENTE:
Sim, eu vivo o hoje como única realidade.
Mas que seria do hoje se não fosse o ontem impregnado nessa pele e nas coisas de lembrar?
Mesmo que estejam no hoje, foram do ontem e acumulam os invisíveis dramas das existências que se foram e também do que acontece no agora.
Me apego a essas coisas que lembram, carregadas de suores e lágrimas que repetem o meu nome.
Querendo ser mais, é no cotidiano das moradas, nas casas de orar e nos objetos açoitados pelo tempo que me construo no dia a dia.
Minha alma que se renova sempre é uma anciã mascate vendendo minha história que carrego no meu alforje.
Sim, eu vivo no presente como única realidade.
Mas que seria de mim sem esse amado fardo da memória?
Esse lugar comum a mim e aos meus que berram meu nome em todos os meus sentidos?
Sim, eu vivo o hoje carregado de passado, passado a limpo todos os dias.
(Proteus).