A MÃO DE DAVI
Sei...
Apesar de todas as tristezas
ainda há beleza...
A mão de Davi.
Mesmo os espinhos da rosa.
A morte outonal das folhas secas.
A poeira da estrada;
Tudo se resume
na bela mão de Davi.
Sei das crianças que morrem nas guerras.
Na vontade dos velhos
e seus mísseis desavergonhados.
Mas há aquele sorriso de menino
no santo indiano.
Há aquela cachoeira jorrando sua música.
E a menina linda que sonha paz.
Ah... A menina linda...
E então, lembro de mais.
Lembro da mão de Davi.
Sei então, que há esperança para o mundo.
O sol que brilha depois de tudo...
A mão de Davi.
(Proteus).
ETERNIDADE
“Não sei da eternidade um nada.
Mal sei de mim.
Realmente estou aqui?
Quanto tempo duram as coisas?
Ainda seria a coisa a transformação da coisa
Em outra coisa?
Talvez seja isso a eternidade...
Ou talvez o que dure para sempre
Sejam apenas os finais felizes dos contos infantis.
A eternidade pode estar em nossas mentes
Onde ficam os momentos que queremos perpetuar,
Sejam eles felizes ou tristes...
Até que a morte, essa transição entre a eternidade,
Lhe informe o fim.”
(Proteus).
SENTIDO
Qual o sentido da vida
Se tudo é um eterno repetir de bons dias,
boas tardes e noites?
E todo dia...
Desde o amanhecer sempre igual em sua diferença
Às tardes com chuva ou sol.
Quentes ou frias...
Ao entardecer barulhento de coisas vivas
Emoldurando os afazeres constantes,
Quase autônomos.
E então, cai a noite e há uma agitação de fim do dia.
Há a sensação de sobrevivência e vitória
E o desejo do prêmio,
Seja ele uma alcova ocupada em delícias amorosas
Ou uma fausta ceia acompanhada de músicas...
Ou a atração da hora nos visores modernos.
E sempre ao fim, o fim esquecido em sonhos
Ou em pesadas ausências protegidas pelo manto da noite.
E de novo tudo se repete parecido, mas diferente...
E o sentido da vida parece quase sem sentido
Nesse repetir constante.
Haveria sentido?
E penso que sim, já que são muitos os que vivem.
E mesmo que iguais ou parecidos
Em seus bons dias, tardes e noites,
São únicos sempre e não se repetem.
Talvez esse o sentido:
A ilusão da monotonia quando o que parece, nunca é.
A novidade vem mansa
E se aloja discreta transformando o mundo.
Há sentido nessa transformação feita por centenas,
Milhões, bilhões de seres parecidos e únicos,
Que mudam lentamente o mundo.
Sempre houve sentido nos repetidos bons dias,
Boas tardes e noites
Mesmo que seja apenas para ouvir de você...
(Proteus).
BOM DIA:
E nos bons dias, boas tardes e boas noites, vamos desfilando humanidade.
Há os que precisam de bons dias, boas tardes e boas noites.
Há os que são salvos pelos bons dias, boas tardes e boas noites.
E mesmo que não te veja perto ou mesmo, nunca te tenha visto, é no meu bom dia, boa tarde e boa noite que me solidarizo e me aproximo de você.
Meu bom dia, meu boa tarde, meu boa noite são beijos em sua testa.
Um abraço suave.
Meu ombro aconchegando sua cabeça.
Meu colo te acalentando.
Tenham um Bom Dia.
(Proteus).