Sou aquele que viu a aflição
Que andou em trevas e não na luz
Eu sentia minha carne envelhecendo
E os meus ossos sendo todos quebrados
Parecia que tinha um muro cercando-me
E só existia trabalho.
Estava assentado em lugares tenebrosos
Com os cadáveres dos mortos sob meus pés
As correntes apertavam meus punhos
E ninguém ouvia os meus gritos.
Havia pedras pontiagudas no caminho
Que sangrava os meus pés
Até um urso tentou devorar-me
Quando não vi a emboscada
Eu era um alvo fácil
Para as flechas da desolação.
Era motivo de zombaria
Com as canções de escárnio sobre mim
Havia amargura no meu coração
Como se tivesse bebido uma taça de fel.
Não tinha paz na minha'alma
E não sabia fazer o bem.
Quando parecia ter perecido a minha força
E dissipado minha esperança
Foi quando ouvi a suave voz,
E disso me recordarei no meu coração:
- Vinde a mim todos os cansados e oprimidos
E Eu vos aliviarei...
As misericórdias do Senhor
São as causas de não ter sido consumido
Porque a sua misericórdia não têm fim!
Poema: Odair José, Poeta Cacerense