Contos : 

Agora? Não! Não.

 
Agora? Não! Não.

E veio ele a mais de cem por hora na avenida até então vazia e sob a luz do luar. Ele vinha acelerando ainda mais, por onde passava a poeira densa da cidade já dormida, levantava. Em um seguinte cruzamento, a sorte era clara. Uma rotatória a já nem sei mais a velocidade, mas a morte independente dela era inevitável. O carro freou, balançou, gingou pra lá e pra acolá.
O telefone toca. O merda.
- Sim
- Bazesko?
- é, é. Acho que sim.
- È o Roberto – hmm?
- Pensei que quisesse ir comigo e com minha mulher para beber um café.
- Tomar o que?
- café – a sim, não. Até mais.
Desligo. Onde tinha parado mesmo? A sim, o acidente de carro no começo. Pensando bem, não gostei. Que tal:
Era uma vez.
Era uma vez? Haha. Como dizia minha guia da cidade de São Paulo, linda e simpática. É pácabá. Deixe-me pensar, preciso começar algo bom. Hm. Que tal um romance? Um triangulo amoroso? Não muito criativo. Quem sabe um conto de uma putaria participada? Não, não. Quem sabe um poema? Eu não sei escrever poemas. Hm. Agora falando sério, eu queria não falar. Hm. Putaquepariu, mente de merda – Abro uma cerveja e volto para o computador. Depois da terceira aberta é que começou algo a me motivar. O que? Sei lá.
Mariana(-na), estava grávida do seu quarto filho. Do seu segundo marido. Que há seis meses havia ajuntado, ou como dizem “amigado”. Moravam juntos em um barraco no fim da avenida da fabrica de dor forte de chiqueiro. Era uma baixada de terra, esburacada e com mato não carpido. Descia-se reto, na casa com paredes de madeira e porta de metal, virava-se à esquerda e no meio dos dois barracos com madeiras amontoadas na horizontal, de cores diversas, virava-se à direita. Andava de pernas abertas para o pequeno lago no meio pudesse transitar. Um, dois, três... E no quinto barraco era o segundo da esquerda (de quem olha). De dois cômodos, diferenciado dos demais. No qual aviam apenas um. Mariana(-na), vivia com seus quatro filhos e com seu marido amigado. Pela madrugada, se levantava já para passar o café e se arrumar para o dia árduo de trabalho que estava a te esperar.
Putaquepariu. E o telefone toca novamente.
- Eu!
- Amor?
- Oi
- Sou eu, Bruna!
- é, já percebi
- tava escrevendo né? To indo ai com a Julia e Mônica, ta?
- Sério?
- Sim, já estamos chegando. Tchau, te amo.
Sabes, certas vezes penso que seria melhor... Batem em minha porta. A não, estão brincando comigo. Cadê o ódio que todos sentem de mim? O que querem de mim. Putaquepariu. Bateu novamente. Fingi não estar e depois de alguns minutos, escutei os passos pelo corredor a fora. Abri mais uma cerveja e esperei minha mulher chegar.






CB


Não Tente

 
Autor
Carlos Bazesko
 
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