Se um dia despertares do teu sono patético,
Teus olhos divisarão a chuva que cai torrente
E pelas ruas alagadiças teus pés pisarão úmidos
Sobre os lírios orvalhados dum tapete frenético.
Quando o sol, acanhado, sobrevir na atmosfera,
Certamente tuas lágrimas te deixarão indiferente
Diante de fatores que possivelmente sejam únicos
A tatearem no tempo o sonho que ainda se tempera.
A vida é um mausoléu de feitiços donde a alegoria
Disfarça os ingredientes com que se tecem a utopia
A fim de que nas horas do tempo haja tédio multicor.
O enlevo encardido desbota as sensações acrobáticas
Que tentam desvencilhar-se do medo e das ginásticas
Em que o ômega da existência possa destravar o amor!
DE Ivan de Oliveira Melo