Esperei por muito tempo pelo que já não existia
Sem saber que era fantasia, tinha forte esperança
De um dia viver o mundo que ao meu sonho invadia
Se repetindo por noites com força e crença.
Fantasmas despertos pelo tempo em anomalia
Sonho interrompido quando deixei de ser criança
Dando-me conta da realidade que a mim é apatia
Pela densidade do ser que me apaga a lembrança
Já não existe sonho, muito menos uma certeza
De estar vivo, e de não só existir correndo a idade
Contra o desejo que se tornou herança e tristeza
Mas ainda tenho a poesia, eterna em minha natureza
Quando por ti escrevo, este sonho é vivo na saudade
Num espólio de criança com sua alma livre de frieza.
Murilo Celani Servo