O abandono guarda o marco primevo das sombras
Essa lacuna é o fim e o início em que se preenche
A se distribuir como um todo, ao longo dos ciclos
É a curva que encerra o círculo, na consequência
Mais profunda de toda causa. A ausência é noite
É quando todo ódio se multiplica nos quadrantes
Qual o gérmen a crescer no ventre da escuridão
O perdão é a cintilância defronte do espelho cru
Não traz esquecimento, mas o silenciar da repulsa
Para se desdobrar renascido pelo campo crestado
Para se tornar o alimento contra todo o desprezo
O qual promove a ira interior, apaga pensamentos
De autoestima e adere em sua natureza brilhante
Perdoar levanta o véu da vingança e a vida segue
Livre das sombras é hora de recomeçar o caminho
Iniciar o duplo movimento sem a limitação do caos
Essa forma aliciadora de rígidos e frios contornos
Que se apoia no princípio do conflito para o nada
Chegou-se a hora de abster a existência coagulada
Perceber o horizonte e seguir a vida nessa direção
Esquecer o rancor e a ausência na maior distância
Aquele que é capaz de perdoar, presta o bem a si
Pode ir, liberto das sombras, como num dia de sol