tantas vezes duvidei da força
das nossas ilusões
perdi a conta
as vezes que tapei a boca do coração
com a razão
mas ele acabava por falar através das lágrimas de saudade
mareadas nos olhos que te abraçaram
no primeiro dia
que o reflexo teu
me iluminou
pensei que o tempo apaga-se o rasto da nossa história
sabendo que é violento escrever fim ainda no prólogo do sonho
pensei que a distância
dos nossos corpos …
a ausência das âncoras
dos nossos braços
fossem suficientes
para extinguir a vontade de amar-te
mas foi em vão
o coração em alma
arde no gelo
ferve no silêncio
e não esquece o desfiladeiro do bescoço
a carícia ensaiada na costa dos ombros
o salpico de som no ouvido torneado
sem falar das promessas sinceras
de puro amor
serenadas no coração
[de certa forma
foram sementes
molhadas
em terra fértil
independente das secas
ou das tempestades]
talvez o destino de um amor assim
ancorado no cais
possa um dia
enfrentar o mar dos nossos lábios
e encontre um beijo
seguido
de um sim …
“Acredito que o céu pode ser realidade, mas levarei flores para o pai - Erotides ”