Quando estive só, a ouvir o distante som de flauta
Era a doce fumaça de meu cachimbo, a companhia
Enquanto os dias, um após o outro, se arrastavam
Ao olhar preguiçoso dos ponteiros do meu relógio
Mas existiu um minuto, entre tantos, bem à janela
Que um efêmero perfume de jasmim invadiu a sala
Fez meus lábios desejarem cantar uma música leve
Como o som que só as primaveras poderiam trazer
Vejo de passagem na calçada, fugaz como miragem
Uma brilhante silhueta, a trazer nos olhos um céu
Na boca o carmim das amoras com frescor de mel
Os cabelos a ondular como o vento ondula a relva
Nasceu-me, de imediato, o desejo de abrir as asas
Para voar reinventado em direção daquelas ancas
Pois, eu sabia que ali nascia uma paixão profunda
Que a tudo que não fosse para amar, emudeceria
E ela me olhou nos olhos, para pôr fim à distância
Meu coração se fez de alegria, um bosque em flor
Liberto de longas e rotas noites cheias de solidão
Então chegara ao fim um atroz tempo de esperas
Para de novo mergulhar no doce perigo que é amar