Esta é uma história que aconteceu com a amiga de uma amiga minha.
Celinha se impressionava fácil. Quando criança, assistiu a estréia de "Tubarão" no cinema. Ao chegar em casa, foi tomar banho e descobriu que a mãe comprara uma nova cortina para o box, cheia de peixes. Ela tomou banho, morrendo de medo que um tubarão surgisse de repente, do nada. Que doideira!
E da outra vez, quando viu "Poltergeist, o Fenômeno"? Pra que...? A cena em que o palhaço some da cadeira e vai parar sob da cama, não saía da sua cabeça. Não conseguia dormir.
Olhou embaixo da cama várias e várias vezes.
O tempo passou, mas Celinha continuava a mesma.
Certo sábado, à tardinha, uma amiga que morava no andar de cima, a chamou para assistir um filme no vídeo cassete.
_ Vem assistir o filme comigo, Celinha!
Ela foi. "A Hora do Pesadelo I". Freddy Krueger. Terrível!
O filme acabou e ela se despediu, descendo as escadas ainda impressionada.
Era verão, então...fazia muito calor.
_ Abre a porta da frente, Celinha. Tá muito calor! - pediu a mãe.
Ela obedeceu. Abriu a porta da sala do apartamento e como sabia que quando a porta e a janela do quarto ficavam abertas, passava uma corrente de ar que fazia a porta bater, escorou a porta com uma almofada que tirara do sofá.
Foi anoitecendo e a mãe de Celinha, D. Creuza, começou a se arrumar para ir a um casamento.
De repente, faltou luz.
Pânico. Medo. Horror. Freddy Krueger.
_ Celinha, vai fechar a porta da sala!
Tudo escuro. Paralisada no corredor, Celinha não conseguia se mover.
_ Ah, eu não vou não...
Contrariada, D. Creuza foi, ela mesma, fechar a porta. Naquele breu, Celinha ouviu os passos da mãe, que usava salto alto, soando no taco.
De repente, D. Creuza começa a gritar:
_ Socorro, alguém me ajude! Estão forçando a porta pra entrar! Socorro, polícia!
Celinha gelou. Não conseguia pensar em mais nada. Na sua mente, só vinha a imagem das garras de Fred, rasgando sua mãe. Ouvia os saltos no taco, como se fosse uma dança flamenca.
Em um ímpeto de coragem, correu em direção à porta e começou a bater com sua mãozinha fraca:
_ Larga minha mãe! Solta! Polícia, socorro!
Quanto mais força faziam, mais resistência a porta oferecia.
_ Alguém ajude! Alguém....!!!
Então, a luz voltou.
Celinha e a mãe, pálidas e acabadas, olharam ao mesmo tempo para o chão e viram, entre o portal e a porta, uma almofada mais torta que o corcunda de Notre Dame.
Atônitas, ouvem os vizinhos abrindo as portas devagar.
_ D. Creuza, a senhora está bem? O que aconteceu?
_ Meu Deus, o que houve?
Um grande burburinho.
D. Creuza chutou a pobre almofada para dentro do apartamento.
_ Calma, gente! Ele fez muita força para entrar, mas acabou fugindo, acho que desceu correndo pelas escadas.
Celinha olhou para a mãe, embasbacada.
Alguns vizinhos mais corajosos descem a escada correndo, para procurar o tal ladrão.
Depois, dentro de casa, Celinha e a mãe riam tanto que mal conseguiam ficar de pé. A barriga chegava a doer.
_ Mãe, o ladrão era a almofadinha...!!!
_ Celinha, guarda esse segredo, viu? Esse mico eu não vou pagar!
Mais tarde, no casamento, enquanto a noiva entrava, D. Creuza ria sozinha, lembrando da situação.
Você pode não acreditar, mas isso realmente aconteceu com a amiga de uma amiga minha...
Cláudia Banegas