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caminhava pela poesia e pensava;
que pena que algumas se subjugam,
convertem-se lânguidas às citações
entregando-se ao verso bajoujo,
ultrapassado, modal tão em desuso.
cobrem-se de tantos rebuços
tentando em vão disfarçar, mas,
não mais possível oculto agora
já que desvendado o mistério está
das suas ‘enes’ personalidades
dita poética hermafrodita insossa.
sei que foi por isso que covardemente
mandaste extirpar minhas palavras,
mas o que se escancarou permanecerá
qual uma nódoa manchando seu espelho,
fornicando diuturnamente teu subconsciente...
‘terás que ficar mais atento em mim’
como se outra sombra sua fosse; oculta.
pois, de longe, te assombrarei, saberás,
e lamentar-se-á ter-se deixado cair
[na minha armadilha],
perfeita performance cênica, ventrículo,
mago; decifro sons, remonto diálogos,
repinto nuances de palavras mortas,
capto perfumes, mentiras, fatos, ratos,
desconfio dos vômitos das frutas, frutas
se a ingestão for de lixo e trapos trapos...
para saber da minha arte haverá disputa;
sou cão, sou bruxo, sou um filho da puta...
mas que; toda vez que passares por mim
lembrarás que; sou aquele do pântano
sombrio, plácido e nevoado qual ácido.
o justiceiro ornado de branco nenúfar
das surpresas e desmascaramentos.
não saberás quando o trespassarei,
toda possibilidades agora existe.
as palavras não precisam de pressa.
descobri que não és um ser com tentáculos,
mas o próprio tentáculo vil e pegajoso
de vários seres... serás aniquilado sem dó!