A noite emoldurada de trevas deixa seu rastro de serpente
Seu som, gritos negros, arremedos de austeras lamentações
Rompe o silêncio sob o céu no azul profundo da madrugada
Imagens tintas de sonho ao brilho espectral dos relâmpagos
Inquietos, mas que trazem o encanto e clamor da primavera
Com seus olhares secretos, seu hálito floral dourado de sol
E o poema se faz leve como pássaros nas árvores da palavra
Feito de seus corpos de cristal, a refletir os brilhos celestes
O poeta afogado em tantas estrelas, perquire o firmamento
Alçado no véu noturno e o verso brota em sua mão trêmula
Para despertar da quimera um som de carro vem da estrada
Tão veloz reverbera na sua pressa e mal devolve a realidade
Que já sua presença apressada, logo se perdeu na distância
São qual sombras aceleradas a passar pelo asfalto das horas
Linhas não escritas que se desenrolam dos carretéis da vida