Este amor que crava
Sem razão, nem piedade
o espinho de uma rosa que grava
Na ilusão de uma pétala a saudade...
Mas como eu amo, ó se amo,
Perco-me na inocência da idade,
pelo teu nome divino e puro chamo,
até que adormeço na ansiedade...
E estes lábios que mentem por amor,
Triste ironia,
Recordam o quanto é falso amar,
Recordam num quadro os traços negros da dor
em que me deixas-te a pintar
um dia...
Fizeste-me chegar ao cume,
Lembrando-me o que sentir,
Ardi num brando lume,
Por ver teus lábios sorrir,
Mas nesse peito onde vi um abrigo
feriu-me o ciúme
de ver um rosto amigo...
Meu coração delitante,
Por um amor que foi um crime,
Julgou-se o unico amante...
Agora, tanto me oprime
Perdido e vacilante,
Como num instante
Me redime,
De todos os pecados...
Paulo Alves