Onde posso eu encontrar a tua meninice de antigamente?
Saudade, quando a palavra tempo falava só do calendário
Agora inscreve árduas palavras mortas e áridos caminhos
E a manhã que se queria azul, nasce cinza, despida de cor
A aurora se faz muda, submersa, afogada em conjecturas
Num canto amargo, que omite palavras que falem de amor
Esta vida se exaure tão ligeira como a ventania das tardes
Chega-se o tempo de agosto, do cão raivoso, do desgosto
O silêncio impera nestas infecundas esperas intermináveis
Em que o verbo não frutifica e amar é sinônimo de perder
A grama seca pelas geadas esconde lembranças primaveris
Do odor da bergamota, de amores tão breves quanto voar
Nas palavras tortas, hoje meus versos, outrora iluminados
Só restaram as despedidas, rios que não desaguam no mar