Fecho os olhos,
abro os olhos,
noite em mim,
noite fora de mim.
A noite desceu as suas mãos e tocou-me,
caiu por mim abaixo e adormeceu aos meus pés.
Antes de acender a luz quero olhar-me no reflexo de estrelas no meu tecto, sentir que se abrem as memórias e as espremo até nada mais restar senão as paredes em branco. Enlouqueço na frenética falta que me faço, escrevo-te apenas em murmúrios porque o resto são as palavras que nunca te disse. Recordo o som ausente dos teus passos, a cadência de suspiros que já não ouço. Escuta-se a distância nos passos como quem sente a falta na voz.
A um canto apodreço como uma fruta no chão.
A noite é o meu Inverno!
Choro!
Se o choro me trouxesse a Primavera.
Escondo-me no sótão.
Fingir é melhor do que esperar.
Tenho de abrir as persianas, a noite é uma opção, o Inverno é uma preferência. Está tudo dentro de nós, se quiseres transformas o Inverno em Primavera com a mesma facilidade com que transformas a noite em dia. Faz as tuas escolhas! Vive a tua loucura! Tudo acontece de dentro para fora de ti.
Cá dentro já não é hoje,
é o ontem parado,
o abraço rasgado que nunca cedeu.
Lá fora já não é ontem,
é o amanhã a avançar com rapidez
se não me despachar não consigo acompanhar o tempo.
A noite é o meu Inverno!
. façam de conta que eu não estive cá .