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A morte espreita-me por detrás da minha porta, silenciosa, furtiva, e tão segura está de entrar, que sorri.
A morte espreita-me há horas, e mais cedo ou mais tarde vai adentrar e, arrebatar-me-á envolvendo-me com seu negro véu.
Arrastar-me-á, e, através do vórtice macabro viajarei às profundezas...
Sei, pois não me prometeram céu...
Não suplicarei pois não sei se há, mesmo assim; não deixarei que entre ainda.
Previno-me tapando as frestas do tempo, com o tempo, acordado das não mais meninas dos olhos, agora senis senhoras que cochilam o tempo todo, e sem vigília, expõe-me...
A morte espreita-me, e eu a ela.
Tenho a lua minha amante que também espreita-me e afugenta a morte com seu luar.
Pela veneziana da janela vi mais uma noite passar em claro.
Vivi,
mas o olhar; congelado...