Sonetos : 

Soneto IV

 
De Caderno de Sonetos

A meu pai, que já foi



As barbas postas de molho

O olhar perdido à míngua

O verso foge-me à lingua

Só sei o olho-por-olho


O verso que não recolho

Machuca mais do que íngua

A rima, se vem, xingo-a

E tranco-me a ferrolho


Dos que passam, faço pouco

O meu cinismo se ativa

Acostumei-me a ser louco


Ao Rei de Paus digo: - Viva!

Bato no ar, dou-lhe um soco

E sigo só à deriva


_________________

júlio


Júlio Saraiva

 
Autor
Julio Saraiva
 
Texto
Data
Leituras
869
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
5 pontos
5
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/04/2008 07:55  Atualizado: 27/04/2008 07:55
 Re: Soneto IV
Um sonetilho de forte impacto, marcante de uma certa faceta sarcástica do autor. O talento, quando extravasa também canta outras canções, que não só de amor. É como o bom vinho. parabéns. Abraço

Enviado por Tópico
FredericoSalvo
Publicado: 27/04/2008 11:07  Atualizado: 27/04/2008 11:07
Colaborador
Usuário desde: 23/01/2008
Localidade: Belo Horizonte - MG - Brasil
Mensagens: 1285
 Re: Soneto IV
Um belo soneto que corta feito faca.
Parabéns e um abraço.
Frederico.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/04/2008 16:35  Atualizado: 27/04/2008 16:35
 Re: Soneto IV
Em redondilhas na forma e camoniano fechado nas rimas, mas isso somente não importa, importa o conjunto harmonioso do soneto que muito me agradou pela grandeza de expressão numa espécie de fado meloncólico singular. Parabéns, um abraço, axé. Godi.