A noite transcorre numa lua lenta sob tantas palmeiras
Na longa madrugada, algumas delas sustentam as redes
Camas a flutuar sobre o solo oscilam ao sabor do vento
Sobre elas há o sonho e um brilho misterioso invade o ar
No chão, répteis galantes caminham numa esteira de pó
Entre mil pedras, esguios, saltitantes, em busca de casa
Chão e céu e entre esses a vida oculta tantos mistérios
Semeamos esperanças insones desde a doçura do berço
Fina membrana separa, o calor da flor da dor do espinho
Nas folhas de papel aradas de palavras, germinam versos
Quais pérolas graciosas sob a esfera celeste inconsciente
No mundo real, raios fustigam cintilantes no firmamento
Anunciando estar na memória a chuva do esquecimento
Desenham orquídeas evasivas como nos livros proibidos
Escondidas, azuis, na doce música do metal dos violinos
Choro de águas tristes, som das cordas de luz e suspiros
Tudo voa com o tempo, arrastando o passado e presente
São lágrimas afogadas espalhadas nos subsolos do futuro