Só tu podes fazer o milagre de amanhecer as noites
Nas minhas madrugadas eternas
De adormecer as palavras na escrita sonâmbula dos dedos
Enquanto não voltas o meu beijo arrefece
No entardecer avançado da pele
Na desmedida medida onde o tempo se alarga
Nos minutos que antecedem a altura do teu abraço
Precipitado somente na vertigem de lembrar o teu sol
Entra agora um vento gelado pela porta que recuso fechar
Desconfigurada fica a configuração dos espaços
Na casa onde abolimos as fronteiras entre nós dois
Onde unificamos o território dos nossos corpos.
A saudade é uma linguagem estranha
Que o coração aprendeu a falar na tua ausência.
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.