E de que me adianta
Essas veias abertas
Se a alma é de planta
E não é descoberta.
Se aquilo que planto
São só flores de aço
Quanto mais me agiganto
Muito mais me desfaço.
Foram os homens de ontem
Que ergueram este muro
O abismo da fome
Que roubaram o futuro
Não existe presente
Está pobre o Brasil
Já morreu muita gente
Mais de 500 mil!!
Já não há mais semente
Está pobre esta terra
Está dentro da gente
Evitar outra guerra...
Tenho certa ojeriza
Dessa gente careta
Que de pouco precisa
Mas que muito deseja.
Bem pequeno o planeta
Gigante a multidão
Volte logo, "Cometa"
Faça outra extinção.
É o peito que arde
É a mão que afaga
E ocaso da tarde
É o mel que amarga.
E bem longe de tudo
Nascem sonhos brilhantes
Vou movendo meu mundo
Em moinhos gigantes
O guerreiro está mudo
Segurando a espada
Tão distante de tudo
E tão perto do nada.
Foi-se o tempo andorinhas
Acabou-se o verão
Tartarugas marinhas
Estão mortas no chão.
E do que me adianta
Esta verve tão pouca
Esta alma de planta
Sem teu beijo na boca.
É o alarme indecente
É a flor nos cabelos
Deixe forte a semente
Que te brota dos dedos...
E de que me adianta
A canção não ter fim
Se a alma de planta
Nunca morre em... Mim.
Gyl Ferrys