Um falcão deixa o voo rasante tocar o oceano
Enquanto adolescentes fumam maconha na esquina
Meninas dançam funk nas periferias
Um criminoso é cercado pela polícia
E corpos estão estendidos pelo chão
Em poças de sangue e suor dos trabalhadores.
Tudo está escuro na penumbra da sociedade
Em ruas lotadas de pessoas que transitam
Tentando esconder suas frustrações.
Há gritos na vielas e lixo caído das latas
Cães brigando por um pedaço de linguiça podre
E olhos furtivos escondidos nos escombros
De uma cidade envolta pelo caos
Sem esperança de dias melhores para as crianças
Que colocam fogo nas folhas
E a fumaça negra sob até o céu
Agora tão cinzento como nunca antes.
O berço dos super-humanos é feito de madeira
E o fogo se alastra até ele
Enquanto uma tartaruga chega a praia morta
Com um plástico que a impediu de respirar
Do outro lado do hospital há corpos
E no lixão também
Crianças transitam desesperados e desprotegidos
Do frio que assola na madrugada.
De longe ainda pode-se ouvir vozes silenciadas
Pela tragédia humana do planeta
Que um dia parecia ser tão lindo
E agora nem as folhas são mais verdes!
Poema: Odair José, Poeta Cacerense