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À alma, sempre a fome
... e nada foi dito apesar do longo discurso.
O fio, rompido várias vezes,
Impedia o trânsito das ideias.
Loucos são assim, impávidos e necessários.
O beijo é uma linguagem sob o céu púrpura,
E o que diz a língua faz tremer o corpo,
O segredo será guardado e até esquecido,
Nunca se sabe o conteúdo daquele diálogo.
Ponderamos, interpretamos e seguimos,
Mancando, caminhando à custa de promessas,
Feito condenados, trôpegos, imbecilizados...
E nada mais importa, nem o saber abrindo portas.
O adubo químico prepara o solo anêmico,
As flores, artificiais, belas e venenosas,
Vão enfeitando as casas de todos os leprosos,
E, nada pode escapar à sanha daqueles que têm fome.
Milton Filho...