Há um tempo incoerente
Onde as palavras se agregam,
Tanta coisa que não se oculta
Como um livro que se lê
E se aprende sem repetição.
Um rio que parou num céu nublado
Vencendo por cansaço a paisagem com verdades,
Um rio cercado de inconformismo
Em rituais de tempo seco.
Um rio
Que sonha em acordar o dia,
Que dorme e se repete
Cansando os peixes.
Um rio que embala
O que de bom lhe restou
Agradecendo ao que o tempo lhes trouxe
Sem massacrar o limbo.
Um rio por onde os antepassados
Se perderam em rituais de deuses sem tempo
Se banhando por Rá e Hórus
Sem procriar mostrengos demoníacos
Num rio fecundo de palavras de amor
Enraizado por bonsais
De amizade.