Lá se vai mais um segundo,
com sessenta, mais um minuto
com sessenta, mais uma hora,
logo, em pouco tempo,
mais uma vida vai embora.
Toca o vaidoso Big Bem,
que em contínua vigília,
vai a todos acordando,
e ao mundo relembrando
a enfadonha monotonia.
Toca o relógio da donzela,
que apesar de tão bela,
esguia tal qual uma gazela,
impaciente, espera o amor
que um dia já foi dela.
Toca o relógio do velho senhor,
sentado na varanda do destino
recorda seus dias de criança,
deixando escapar a lembrança
que garante a sua esperança.
Mas nem assim o tempo para,
mesmo que todos o esqueçam,
em cada tic ou tac
mais um segundo é roubado
da vida de um desavisado.
"Viver é confrontar o caos no cotidiano,
evitando cair nas armadilhas da depressão."
Poema de 1977 (atualizado).