Se tiver tempo, vou sentar-me junto ao Tejo ao fim do dia
E contemplar a paisagem, o pôr-do-sol acontecer.
Sim. Se tiver tempo vou olhar a ponte suspensa de Abril
Estendendo-se sobre o rio em direção ao horizonte
Até onde os olhos não alcançam
E nela vou ver os carros e os comboios
Durante o breve momento da travessia entre as duas margens
Passarem plenos de sentido
E o sentido que os preenche é o mesmo que os leva em frente
Sem que o saibam
Aparecem do nada, atravessam a ponte e desaparecem no nada
E eu com eles, pela vida, fazendo a mesma travessia
Sim, vou sentar-me junto ao Tejo ao fim do dia
Ver a ponte, os carros e os comboios
Acontecerem comigo um pôr-do-sol.
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.