Imaginei uma guerra enquanto as armas descansam.
Tenho a chuva de Novembro nos braços
E o frio sem ciúme do sol namora-me os ossos
Revolvo com os dedos o bolso da farda
Para te encontrar entre a lama e os cigarros uma ultima vez
Para inventar um momento e tocar-te o rosto, sentir-te o cheiro
E perguntar se ainda te lembras de mim
Imaginei uma guerra entre guerras reais.
Matei horas queimadas por breves cigarros
Dei vida e sangue ao animal que há de mim
Matei palavras que disseram verdade para não ouvir
E lágrimas de viúvas e copos para não sentir
E pergunto-me se ainda te lembras
Se ainda me reconheces depois da guerra
Imaginei que vinhas ainda esta noite antes do fim
Imaginei que vinhas antes das balas
Enquanto as armas descansam.
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.