Maria João Abreu, um nome familiar,
do povo. Podia ser de nossa família.
Portugal, chora a tua simplicidade, a grandeza
de teu ser: um aneurisma te levou;
Não sabias que nos iria ser difícil deixar-nos
mais pobres, de coração apertado,
a lágrima no canto do olho, porque
foi uma de nós que partiu, com tanto ainda
para nos dar e oferecer? sua sinceridade, seu
profissionalismo, de enorme artista
que se entregou ao teatro com singeleza,
(ah, não falarei de ti no passado porque estás
entre nós, em silêncio, nos olhos grandes,
num inofensivo sorriso, de canto a canto da boca) -
riso bonito que nos apaixona
e és a nossa actriz, a nossa namoradinha.
És uma actriz completa, vais do choro ao riso
num ápice, sem forçar nada, fazendo-nos crer que
estavas ali, por nós? Na comédia; no drama;
nas séries, nas novelas, a tudo te entregas
e entregaste com o mesmo amor, que te
fez seguir, nas horas mais difíceis,
quando os invejosos te puseram em dúvida
jogaste o cabelo para trás e sorriste, levavas a melhor!
Tu sabia-lo, da vaidade de certos camafeus
pouco precisas falar para te fazer entender;
para todos achavas uma desculpa, mas
brinca contigo
quem quer, era preciso descer à tua humildade..
E quando nos fazes sorrir, é um sorriso
rasgado, com o nó na garganta, porque emocionas
quando choras, com os amigos: e és autêntica…
Não é actriz quem quer, mas quem nasce actriz como tu.
Jorge Humberto
13/05/2021
Santa-Iria-da-Azóia