Flores do Outono
as flores do meu jardim já vão indo
e devo dizer adeus às coisas que amo,
tudo ao meu redor vão se despedindo
eu tentando não perceber, me engano
e ao tocar meu corpo fico sem jeito
pois parece que toco o corpo de outro
o ar rarefeito parece um castigo
ao sentir os meus pés chafurdando no lodo
ou ao ver minha imagem através de um vidro
a minha existência não se parece mais comigo
se eu grito no escuro é um grito oprimido
neste desencontro que é viver sonhando e rindo
fantasiando o fim deste poluído mundo
enquanto as flores do meu jardim vão indo
cada pedaço de mim vai sumindo
como as folhas que soltam dos galhos
e vão sumindo de um jeito esquisito
devoradas por mosquitos famintos
engolindo-as junto com gotas de orvalho
e assim eu amo até com um certo nojo
os vermes que rastejam comigo
pensamentos oblíquos em meu leito. Na frente
deste meu mundo finito
eu bem sei, o pensamento é dos outros
que me surgem de repente
e sempre lentamente vão sumindo
alexandre montalvan
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