É melhor que te distancies de mim antes que tudo se inflame
Já que minha alma é o combustível para teus olhos de chamas
Para, não te afastes não, eis que tudo em mim já se conflagrou
E eu assim, qual violino, cordas tesas, tenho todas as canções
E as tocarei somente para ti, qualquer uma que possas querer
Te alerto te afastes de mim, não, não me atendas nunca assim
Nosso encontro ocorre nas fronteiras impossíveis do inverno
Então deixe que se inflame, para que aqueça, pois sou desejo
Toma deste vinho comigo, para esquecer das palavras ásperas
Que outrora tua vida já ditou, vem dançar junto noite afora
Digo que te afastes. Melhor, aconchega-te mais e mais de mim
Me abraces tão justo que se possa dizer que somos apenas um
Sigamos assim, sempre juntos pela noite até que chegue o verão
E quando a vida recolher as tempestades e o vento se aquietar
Então iremos brilhar, até que nossos corpos sejam como um sol
O crepúsculo já chegará, então afasta-te de tudo menos de mim
A aura noturna trará uma nostalgia como se fosse uma herança
Que intentará nos despertar do sonho ou silenciar nossa música
Não te afastes, vem comigo, vamos olvidar tudo não fale de amor
Cantar o canto de nossas vidas como se formos ébrios ou loucos
Pois chegues e absolutamente aproxime-te neste doce abandono
Funde, não o corpo, mas a alma à minha, vai comigo ao horizonte
Compartilhemos, por todas as vidas, o mesmo caminho até o fim
Nenhum vento ou chuva, nem a distância poderá apagar em nós
Esse amor que tão vivo já nem cabe direito nos versos do poema.