A tarde se cobre de tonalidades cinza de um novo abril
A névoa densa a beira mar a anunciar um tempo sombrio
Está já distante da primavera, mais próximo dos soluços
O vento frio a mostrar suas asas sobre toda a terra crua
Na planície de brancos reflexos do dia, um grito partido
O sol se deita dolorosamente nesses horizontes infinitos
Deixando sua esteira rubra sobre o azul límpido do mar
Dos barcos, as velas distantes, se assemelham a adeuses
Meus olhos as contemplam como a indagar por onde irão
Serão esperadas em outras terras ou apenas vão a passar
Toda a paisagem se apropria dessa melancolia do outono
Uma saudade que aperta a garganta sem se saber porque
A tarde se despede quase moribunda, a noite já espreita
As gaivotas, tristes, cantam pelos barcos que já se foram
Minha voz também se foi e a chuva vem para se anunciar
Com ela também o meu cansaço e meu coração mendigo
Treme, como uma criança perdida, ao fragor dos trovões