Atravesso
antigas ruas
para ver-te.
O olhar
curva-se
na ausência
de abraços.
Pássaros sobrevoam
vestidos usados
em velórios.
Nos templos
as flores
continuam
abertas.
Os gestos
são dispersos
no palco.
Compartilho
meus versos
na penumbra
dos cenários.
Sobra-me espaços
entre a voz e a luz.
A emoção comove
antes do aplauso.
Dilui-se a distância
entre as árvores.
Mãos delicadas
consertam relógios.
O tempo recomeça
no retrovisor.
A mutabilidade
das almas
transporta-me
nas águas de
outrora.
Desfaço-me
das cinzas
dos pedaços
que sobraram.
Desenho
rostos
suspensos
nos lábios.
(Decifro-te).
Um rio escorre
em degraus.
Sossega a alma perturbada.
Invento palavras.
Partimos do
princípio para
lugar nenhum.
Num abraço
apago mágoas.
No passado
a utopia coloria
as palavras.
Reencontro-me.
Leio poemas
escritos no tronco
das árvores.
Há paradoxos
de memórias
num calendário
chinês.
Segues a luz
num campo
de lírios.
Nos despedimos
no cais.
Vivemos
momentos
de espanto.
A distância
abre meus olhos
onde nascem
as nuvens.
Tombaram
as folhas
na penumbra
da catedral
restaurada.
Poemas em ondas deslizam nas águas.