Esqueço-me dos teus olhares esquecidos…
O Outono aparece sem demora,
E põe um roxo vago em meus lábios amortecidos
Pesa em mim o assombro de minha alma que chora,
Por apenas um vasto rasto de amores perdidos…
Tua face feita do mais belo cristal,
Rebenta em mim uma tal chama,
Que apagada por uma indiferença tal,
Me deixa sem brilho, sem glória, nem fama…
O Outono é a cor do meu olhar…
Sonho em te ter nos meus braços,
Chega a primavera sem avisar,
Cobre de flores os negros espaços,
Que agora enternecidos, me fazem amar…
Teu gesto que afaga minha alma,
Teu gesto que completo decide um destino,
O teu intimo silencio tira-me a calma,
E pelo anseio vago canto meu hino,
Ténue, que roçando meu sonho me acalma,
E me anima…
Teus lábios, puro prazer,
Minha alma voa leve, sobre a tristeza que choras,
Confortando-te da dor, e hoje, é tudo o que sabe fazer…
O sol desce, na treva do meu ser, sei que demoras…
Será que a lua te irá trazer???
Tua sombra ante meus pés caminha,
Parou…
O mistério informa o desdém de minha alma,
Que de tão doente, não sabe se é minha…
Alma doente… que por ti… não tem calma…
E a lua que enfim aparece, mas vem sozinha…
Paulo Alves