Os teus olhos meu amor, são como o sossego
das baías plácidas, espairecidos nos meus.
O teu olhar é como o véu da neblina que se abre
ao sol que se espreguiça lentamente,
para me olhar com os seus raios cintilantes,
e permaneces em mim, nesta brisa que me toca,
como um arrepio quente no movimento lento
das tuas mãos.
No entardecer dos teus olhos calam-se os gestos,
para irromperem os silêncios dos sentidos.
E há margens de amor na polpa dos sonhos,
O tempo cresce e com ele crescem as vontades,
os dias e todas as horas, e o que ouço?
Ouço a melodia afinada da tua voz murmurar-me
o canto do amor, e eu que quase inexistia antes de ti,
falo-te naquele timbre de voz cuja profundidade enleia,
perto, bem perto de ti...
Olha-me demoradamente meu amor, até coexistires
na contemplação e depois, depois segura as minhas mãos,
bebe-me a alma e morre em mim.
(Alice Vaz De Barros)
Alice Vaz De Barros