Vela ao vento, barco no mar.
Canto que me embala e me faz sonhar.
Mar agitado, chuva a cair.
Rosto mimado, que me faz sorrir.
Espuma na areia, olhos ao céu.
Parte de mim, conjunto de um eu.
Redes há água, gente a rezar.
Gaivotas em terra, tempestade no mar.
Muita sardinha, alguns tostões.
Muita pobreza, algumas ilusões.
Criança descalça na praia a correr,
Esperando das redes o pão p’ra comer.
Vida ingrata passada no mar,
Noites sem conta à luz do luar.
Olhando o horizonte em busca da vida,
Revolta do mar esperança perdida.
Mulheres que choram, suplicando ao mar,
Que lhes dê sorte, que os deixe voltar.
E os dias passam e as ondas do mar,
Dão-lhes coragem de com ele bailar.
Lançam-se a ele, com fé de pescar,
Dançando com a morte, nas ondas do mar.
Onde a noite é longa, onde a vida é triste,
Quem cresce no mar, difícil resiste.
Ouvindo seu canto há luz do luar,
Revolta por dentro, mas tem que voltar.
E vai, mas chorando, lágrimas de dor,
Assim é a vida de um pescador.
Bruxinha