Dedicado a todos aqueles que se debatem de uma forma ou de outra com as adversidades da vida, às quais não conseguem escapar-se.
Todos passamos pelos ventos da adversidade, mas cada um tem a particularidade e capacidade de a suportar conforme o grau da sua aceitação, na evolução.
Existem situações das quais não temos escapatória possível,
quando confrontados com uma doença, com a perda de uma mãe, de um pai, de um filho, de um marido, de um irmão, de um amigo ou de alguém que tanto amamos.
O tempo em que vivemos a adversidade, a forma como a vivemos, como nos encontramos e com quem nos encontramos, determinará a forma como nos iremos sentir.
O percurso longo, extenuante e exaustivo para todos os intervenientes só é possível fazer-se em paz com a ressonância da sintonia.
Aqui entra e impera o amor incondicional, focar-se no outro é renegar-se a si mesmo, para perceber, os sentidos, as palavras, os silêncios e até mesmo as agruras que envolvem cada ser.
É como se fossemos todos em um, vestidos de amor.
Levantamos a cabeça, baixamos a cabeça, tantas vezes quantas forem necessárias para nos reerguermos...
E pensamos, pensamos nas soluções, nas ações que se seguem,
no que havemos de fazer e nas possibilidades que temos para as realizar.
Uma tarefa árdua à partida, mas que só o amor e a comunhão diária conseguem realizar.
E quando assim não é, perdemos as forças, respiramos mal, a ansiedade toma-nos de forma tenebrosa, sofremos, fraquejamos, anulamo-nos, até que uma Luz ao fundo do túnel nos lança para dentro de nós, e numa busca constante, deixamos o coração gritar fora do peito e acende-se a Luz interna da nossa alma que nos oferece guarida.
Debatemo-nos e tantas vezes fraquejamos diante do caos, aprendemos a calar as dores, sem fugir delas, e passamos a vê-las não como opositoras mas como pontes.
Quando atingimos um patamar de quietude interior, manifestamos uma força que é constante e duradoura pela diversidade das fases encontradas no caminho, que envolveram adversidades que à partida jugávamos insuperáveis, mas que se foram tornando leves, suaves e desprendidas da pele e do corpo.
A forma como escolhemos sentir-nos, amar-nos e receber-nos, por dentro, fazem toda a diferença.
A escolha da aceitação dos factos, sejam eles de que ordem forem modifica as nossas atitudes face ao aprimoramento do crescimento que se manifesta diariamente.
Passamos a encarar a vida de uma forma mais realista, conforme se nos depara, com as suas condicionantes, mas passamos a ser exímios na arte de enfrentar e desafiamo-nos, a ser tudo aquilo que jamais ousamos ser outrora, para não sucumbirmos a desesperos, à desesperança e à falta de confiança.
Quando crescemos, passamos a ser fortes, enfrentamos a vida sem vacilar, passamos a aceitar as contrariedades ainda que com dor, em resposta às emoções que tentam invadir-nos fazendo submergir as emoções a um nível da aceitação daquilo que não podemos mudar.
Nunca mais somos os mesmos quando a vida nos chicoteou severamente, o suficiente para nos deixar cicatrizes irreparáveis,
que constatamos com as perdas, alterações de vida e do quotidiano, mas ao nos olharmos com os olhos do amor, misericórdia e compaixão vislumbramos e sentimos o perfume da resiliência e da superação que nos invade.
Levantar a cabeça, enfrentar a vida com a satisfação de se estar vivo, independentemente de qualquer situação adversa, respirar fundo, sorrir, deixar os lamentos correrem e serem levados na correnteza do rio, fará toda a diferença.
Quando acordo, sorrio-me, sou forte, alegre e feliz, existe um pequeno segredo, um passo à frente e sigo as pegadas de Cristo
e como consolador o Espírito Santo que me direciona os passos.
Ser feliz no meio do caos é romper as barreiras da adversidade, enfrentando-as com a capacidade de quem sabe para onde vai, aonde quer chegar.
Do meu livro a editar "Olhos que trespassam o coração"
(Alice Vaz De Barros)
Alice Vaz De Barros