A beleza do que se lê está nos olhos de quem lê, dizem., não está na escrita, na aparência mais profunda. O que nos rodeia influência sobremaneira a visão. O estado de espirito, a alma, a formação, a genética, o ambiente e o momento condicionam a beleza da leitura. Frequentemente, olho e não vejo, outras vezes vejo e não olho. Os olhos crescem dentro das palavras invisíveis que em página branca foram sentidas, imaginadas mas nunca escritas, em palavras que caem da boca cheia de luxúria e de escândalo. Os olhos cegam entre tamanha imaginação, lamentando-se da letargia em que a voz se rompe infeliz de palavras imaginárias, de sonhos perdidos por entre dias fervilhando de emoção apenas. Palavras vazias. Olhos que não leem palavras que não sentem. Os influenciadores das palavras são almas poderosas que gritam em silêncio desejos irreconhecíveis, anseiam por instituir o domínio do verbo, que queimam as cartas de amor, ridículas, vazias de sentido, porque afinal as criaturas amam outro amor, o poder. O poder da beleza. O poder da tristeza. O poder que risonho se desfaz em palavras de sofrimento, sem sentido. A insegurança da beleza fica lassa quando espreita sem vontade os olhos húmidos de vontade - de vontade de ler palavras sinceras de amor, de coragem. Amor servil e apaixonado, em singulares intimidades nunca vencidas, entre conquistas dissimuladas, caladas, contidas, sonhadas mas nunca concebidas. Num vendaval de origem incerta surgem palavras inusitadas, pronúncio de um amor ausente. Um amor ausente não é a ausência de amor, é um amor presente mas invisível. Quinta Jornada